sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

11 de Fevereiro

E todas as lembranças vão tomando conta de mim, e vou me entristecendo cada vez mais por não ter visto antes como a minha vida era tão boa e eu só me preocupava com as coisas materialistas tudo que eu tinha ou pelo menos achava que possuía; aquela “liberdade” que julgava não ter. Era mera mediocridade minha.

Eu lutava mais e mais apenas por reconhecimento, exibicionismo, e deixava de ser quem eu realmente sou por algo que queria ser. Eu queria.. Há como eu queria ser aquele individuo que todos se orgulhassem e que fosse posto em um pedestal para ser idolatrado, assim como todos os outros. Sobretudo neste momento da minha vida eu vejo que ser mais um em um pedestal não traria a satisfação que tanto gostaria.

Pouco a pouco fui me perdendo de quem sinceramente me amava e fui aos poucos deixando até mesmo de me amar. Até que um dia algo aconteceu...

Acordei e estava em um lugar estranho desconhecido aos meus olhos, era um lugar silencioso, triste porem havia muita esperança por ali. Mas em um dado momento tentei me levantar e meu corpo nunca havia sido antes tão leve, porém ignorei isso e me levantei de uma vez, em um salto rápido e delicado. Até que então me virei e me vi deitado, comecei a rir e pensar: - Só podia ser eu mesmo para inventar esse sonho.

E em fração de segundos a porta abriu-se bruscamente e uma mulher desesperada em prantos entrou e começou a me tocar. Quer dizer não em mim, mas naquele corpo que estava deitado, o estranho era que eu também podia sentir. Fui me aproximando e vi que era minha mãe, ironicamente pensei “nossa a coroa ta enxuta”, no entanto a tristeza no olhar dela me comovia, e pensei até em ligar para ela assim que acordasse. Deitei-me novamente, fechei os olhos e tentei acordar, mas minhas pálpebras relutavam para se abrir; comecei a me rebater, chutar mais nada acontecia.

Cansado acabei pegando no sono; poucas horas depois do ocorrido fui acordando abri os meus olhos que mesmo depois de um longo descanso ainda estavam pesados, comecei a levantar os braços e as mãos, movimentando meus músculos que a pouco vegetavam, e antes mesmo que eu pudesse falar alguma coisa, fui atacado por uma pequena multidão de pessoas que choravam de felicidade, felizes e gritando tanto que demorei alguns segundos para recobrar a consciência.

Minha mãe me abraçou intensamente tão forte que não havia nem mesmo reparado que ainda estava no mesmo lugar. Eu disse: - Ei, calma ai gente, eu vou levantar para cumprimentar todos vocês. Mas me digam, por que estão aqui?

Antes que pudessem me responder tentei me levantar e nada acontecia, minhas pernas não se movimentavam, quando também percebi que eles não me respondiam por que na verdade eu não estava falando e sim gesticulando com muita dificuldade e não era só isso. Eu havia ficado em coma durante 3 anos, não sei nem ao mínimo o que de certo aconteceu comigo, não sei se eu havia desistido de lutar ou se por tão cansado deixei que me levassem.

Havia tantas agulhas e cardiogramas em mim que parecia que estavam fazendo cirurgias plásticas, a única diferença era que eu não sentia nada, e talvez o pior fosse isso. Não poder sentir o abraço tão confortante que meus entes queridos e tão estimados me proporcionavam ou até mesmo as agulhas fincadas em minha carne.
Toda a dor que não sentia eu via nos olhos da minha família e amigos, pessoas das quais não falava a tanto tempo que já me sentia só, apenas com vagas lembranças que se difundiram com a realidade irreal dos meus sonhos. Se pudesse trocar eu trocaria com certeza toda aquela tranqüilidade para poder sentir todas as dores dos meus músculos atrofiados e com ulceras de decúbito, só para assim poder sentir também o calor dos abraços que recebia.



11 de Fevereiro dia Mundial do Enfermo.

Parabéns a vocês enfermos que passam por tantas dificuldades estando imóveis, ou até mesmo não. Tendo sempre que transformar suas dificuldades em oportunidades para um novo recomeço!

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